quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Poesia: Viagem de Trem


(Inspirado nos trens da Central do Brasil)


Na entrada do trem
Tudo vai tudo vem
No balanço do trem
Tudo vai tudo vem
A morte espreita
A direita
Do trem que vem
Sinal fechado
Sinal vermelho
Povo calado
Povo cansado
Do trem que vai
Gente como a gente
Amontoados, apavorados
Parecem animais
Todos pendurados
Gritos de horror
Pisões, palavrões
Roubos, cor muita cor
Trem que passa
Trilho, fumaça.
Cheiro, odor
Dormentes, vagões
Trilho, trilhões.
Gente caindo
Outros dormindo
Pedra no ar
Vidraça quebrada
Sangue, facada
Viagem acabando
Tudo esquecido
Viagem acabando
Nada mudou
Vida nascida
Amanhã novamente o temor.


Luiz Antonio Fascio
Rio de Janeiro, 1964

domingo, 23 de setembro de 2012

Poesia: Gravitacional

(Inspirado no filme 2001 - Uma Odisseia no Espaço)

Flutuando no espaço sideral
Flutuando sem cordão umbilical
Nave de aço incandescente
Entra na atmosfera quente
Do planeta Marte, girando, girando
Listras de fogo, passando, passando
Girando a nave sem encarte.
Labaredas brilhantes, entrando, entrando
Nas retinas em espasmos, gravitacional!
No sub-id desperta, transcendental
Estados de greve, transformacional.
Explosões, gravitações, meteoros
Compressões, sem respiração nos poros.
Erupções de sons, em tons, atonais
Fragmentações de lavas, lava, levitacionais.
Zunindo, zumbindo, látego fluorescente
Desce lépido, ziguezagueando, esfriando, esfriando
Chegando sem sentido latente
Sentindo transformações tais
Em pedaços de micros meteoritos
E nada mais.


Luiz Antonio Fascio
Rio de Janeiro, 30/03/1973

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Poesia: Minha Bailarina



Minha insinuante bailarina
Dança, dança, dança
Doce menina felina
Portal da esperança
Ginga o corpo sensual
A mágica maravilhosa
No espaço virtual
Deslizante e habilidosa
Bela e jovem generosa
Deusa estonteante,
Musa dançante!
Cria em mim fantasias
Levianas alegrias.
Dançarina oriental
Odalisca!
Inspirando desejo carnal
Passo a passo segue a risca
O ensaio geral.
Aos sons dos tambores
Acorde e cores
Salsas e merengues
Faceirices e dengues
Baladas divinas.
De obras primas!
Dança dança
Dança bailarina!

Luiz Antonio Fascio
Jequié, 09/04/2001

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Poesia: As Cordas Macias do Meu Violão

(Dedicado ao compadre e amigo Reinaldo Pinheiro)

As seis cordas macias
Do meu violão encantador
Tocam rimas de amor
Melodias de paixão
Dedilhadas com emoção.
No peito apaixonado
Do poeta e do cantor.

Meu violão enamorado.
De macias cordas concebidas.
De música encantado.
Tristezas e alegrias incontidas.

Seis cordas que cantam vadias
Minha imaginação.
São cordas vibrantes
Compassos errantes
Do meu coração.

Como dizia o poeta
É a madeira fria
Que canta minha agonia
É a rima talentosa
É a mulata dengosa
É só fantasia!

Luiz Antonio Fascio
Jequié, 11/12/1998

domingo, 16 de setembro de 2012

Poesia: Nas 200 Milhas



Dum mergulho só
Que eu dei no meu mar
Das 200 milhas
Vou te contar o que vi lá.

Eu vi, acredite meu irmão!
Um paru-preto
Um polvo grande e o mexilhão
O peixe frade e um lixa-cação
A lagosta, a sinhá-rosa e o tubarão
A caraúna, a tartaruga e o vermelhão
O atum-preto, peixe-agulha e o namorado
O mero-grande, serrador e o linguado.
O xaréu, anchova e o dourado
O siri, cachalote e o lambari
Baleia jubarte, bonito e a sardinha
Baiacu, barracuda e a tainha
A cavala e uma cavalinha.
Peixe-lanceta, moreia e o badêjo
A bela arraia, o bagre e o caranguejo
Peixe-machado, enguia e o golfinho
Pampo, dentado e o cavalo-marinho
Os budiões  e os camarões
Os budiões e os camarões!

Dum mergulho só
É riqueza só, é fartura só.


Luiz Antonio Fascio

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Poesia: O Boiadeiro


Do lado de lá
Do mundo distante
Vocês vão saber
Da vida errante
Do boiadeiro do norte
Um cabra de pouca sorte.
Um violeiro, bom de corte
De corte, a faca e facão.
Boiadeiro e brigador.
Com boi, peste ou ladrão.
Sem nunca temer a dor
No chão, duro do norte
No aboio de grito forte
Curtido de couro e gibão.
Lá vai pelo sertão
De sol tudo fervendo
O boiadeiro, canta gemendo
Canção de amor dolente
De peão aboiador
Montado em corcel valente
Manga-larga marchador.
Ponteiro desde menino
Boiadeiro sem destino
Homem bom e de valor.



Luiz Antonio Fascio

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Poesia: O Meu Amor Por Você

(Inspirado em Ana Maria Leal)

O meu amor por você
É livre como um pássaro
Uflando as asas num campo
De trigal.
Lindo, sereno, jovial.
O meu amor por você
É como as flores silvestres
Cheiroso, odor campestre.
Lípido, claro como as águas
Da cachoeira
Sem eira, nem beira.
Forte como aço
No meu peito ardente.
Firme, impulsivo, latente.
Sedutor ativo!
O meu amor por você 
É látego flamante
É brasa acesa, incessante.
Desejo incontido.
Febre, tara, loucura sem sentido.
O meu amor por você
É fogaréu eterno
Áurea no étero firmamento.
Voou liberto, pensamento.
Sexo completo, divinal!
Doces delírios, fenomenal!
O meu amor por você
É paixão vertente.
Traço, régua, compasso.
Início, embrião, semente.
Vida, forte abraço.
Ai, o meu amor por você.

Luiz Antonio Fascio
Rio de Janeiro, 1966

domingo, 9 de setembro de 2012

Poesia: A Uma Mulher

(Inspirado em Darlene Neves)

Ela só guarda desgosto
Ela só guarda desdém
E traz marcado no rosto
O trágico que a vida tem.
Ela só guarda lembrança
Da partida, ainda criança
Do carinho de quem a criou.
Do pai alegre, que a ensinou
A bondade, o perdão, o amor.
Partida, freio amargo
Duro encargo!
O fel que travou
Bem no fundo do peito
E a pegou meio sem jeito.

Mais tarde, alguns anos distante
O desamor do amante
A mentira, a injúria sofrida
A dura vida oprimida
Abriu outra ferida
Crescendo chaga antiga
Que a tornou moribunda
De querer com afeição profunda
A volta da felicidade perdida.
Que de repente ficou presente
Um pouco tarde, esquecida
Um pouco tarde, ausente
Do desejo, nos olhos, na mente.


Luiz Antonio Fascio
Rio de Janeiro, 24/06/1973

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Poesia: Oração


Obrigado Senhor
Pela oportunidade
Que me deste
De ser bom
Por tudo quanto
Me dissestes
E por ouvir o som.
Obrigado Senhor
Pela pureza das flores
Pela beleza das cores
Pelo sol, que dá energia
Pela chuva que molha a terra
Trazendo alegria
Obrigado Senhor
Pela natureza
Por crer e ter certeza
Pelas estrelas
Por vê-las.
Pelas crianças
Por ter esperanças
Obrigado Senhor
Por estar em mim
Por dizer sim
Por todo o bem
Para todo o sempre
Amém...

Luiz Antonio Fascio
Jequié, 1993

domingo, 2 de setembro de 2012

Poesia: Mamãe

(Em homenagem a nossa mamãe Gildásia)

Como um dia de sol a raiar.
Uma força vigorosa a criar
Mamãe Gildásia dos louvores
Dos gostosos sabores
Maternalmente educando
Os seus filhos cristãos
Com fé, garra e devoção.
Trabalho, labuta no dia a dia.
Otimismo, receita nos envia.
Três filhos bem criados
Por Deus abençoados.
De amores bem cercados
Mamãe Dazinha!
Doceira de mão cheia
Fazendo o pé de meia
Professora de bordado
Com carinho rendilhado
Domesticamente, catolicamente
Viveu pela vida inteira
Amor de mulher companheira.
Solidária, caridosa, clarividente.
De habilidade transparente
Eis a mamãe do meu lar
Lar de doces recordações
Um manancial de emoções!


Luiz Antônio Fascio