terça-feira, 20 de novembro de 2012

Poesia: Tristezas



Vim da Bahia, com intenções
Cheguei, cheio de sonhos
Com mil ilusões.

Noites de muitas serestas
Amanhecer de Marias
Risos de bares e festas
Só vivia alegrias.

Mas...
As intenções murcharam
Dos sonhos sempre acordei
Das ilusões, muito chorei.

Hoje vivo tristezas
Com saudades ficaram lições
Trago guardado incertezas
Rimas sem riquezas
Deformações.

Luiz Antonio Fascio
Rio de Janeiro, 1971

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Poesia: Um Quadro

(Inspirado na construção do metrô do Rio de Janeiro)

A terra era barro enlameado.
A chuva caia incessantemente.
Chuva fina, fria, eternamente!
O vento
Uivava como um coiote
O frio
Cortava o ar como um chicote.
Lá embaixo
Uma ampla e larga gruta funda
Um buraco imenso escavado
Uma escuridão profunda
Indecifráveis objetos
Separados, amontoados.
Vergalhões, concretos, cantoneiras
Diversas máquinas escavadeiras
Terras em tubos
Ferros quadrados, redondos, sextavados.
Andaimes em cubos
Madeiras, arames em fieiras
Brilhos, faíscas e trilhos
Aço em chapas
Vermelhos capacetes
Amarelas capas
Borrachas em Braceletes.
Lentamente...
Operários conversam e fumam
Preguiçosamente...

Luiz Antonio Fascio
Rio de Janeiro, dezembro/1975

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Poesia: Versos


Faço versos
Como quem padece
De saudades e desalentos.
Como quem esmorece
De tristezas e sofrimentos.
Versos
Pra meu deleite
Por simples prazer.
Na vida como enfeite.
Faço versos.
Como quem ora
Em contrição
Como quem chora
Em feitio de oração.
Versos chulos de amenidades
Versos nulos, por amizades.
Meus queixumes.
Meus pecados.
De ciúmes.
E amores afortunados.
No peito de amantes
Memoráveis
De paixões incuráveis.
De rimas ricas e consonantes
Em devaneios vibrantes.
Faço versos voando alto
Acima dos andes da liberdade
Um condor livre, altaneiro
Em busca da eternidade.
Versos por você
Mulher companheira.
Dádiva de paz
Pela vida inteira.
Faço versos sensatos
Que inspiram reais fatos
Em uma poesia popular
Um legado cultural
De uma arte natural
Que jamais perecerá.


Luiz Antonio Fascio
Jequié, 10/01/1999

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Poesia: Gosto de Mar



Orçando e arribando
O meu barco foi p'ro mar
Um bom peixe vai pescar
Peixe que mata a fome
Peixe se mata e come

Meu saveiro lá vai indo
O mar grande lá vem vindo
Em ondas de bonança
Trazendo só esperança
No mar, no verde mar
Verde que te quero verde
Verde que te quero bem
Verde que te quero vem
Vem me envolver
Todo, meu bem querer
No mar quero morrer
No mar que é meu alento
No mar de muito vento
No mar lá no fundo
No mar.
Com gosto de mundo.

Luiz Antonio Fascio

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Poesia: Para Liziene



Bate forte meu coração
Quando ficas comigo na solidão
Acelerado meu coração
Quando fostes embora.
Bate forte toda hora
Quando chegas ou estás fora.
Pela distância, inconstância
Avesso da vida.
Disritmia conhecida.
Se ficas ou se vais
Meu coração cresce demais.
Sede dos sentimentos
Bombeia meus movimentos
Corpo e pensamentos.
Fica enorme de prazer
De desejo ao te ver.
Meu coração enamorado
Bate forte calado
Aguenta firme ritmado
No meu peito emocionado

Luiz Antonio Fascio

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Poesia: Meu Violão Sedutor


(Inspirado em entrevista com Moraes Moreira)

Meu violão parou de tocar
Quebrou as cordas dos acordes
Afinados a me acordar
Parece zangado ou cansado está?

Minha viola onde guardo solidão
Mágoas, desejos do coração.
Dedilhando suas cordas macias
Encontro-me a viajar poesias
Sonhos, devaneios a enfeitiçar.
Extensão do meu corpo a trabalhar
Violão benfeitor a encorajar
Lembranças e refúgios
Tocas de leve meu ardor
Subterfúgios...
Traz minha fantasia, meu clamor!
Encanto de alegria, meu violão sedutor


Luiz Antonio Fascio
Jequié, 29/01/2004

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Poesia: Quero


Quero, ir pra Bahia
Quero, a Dora todo dia
Quero, uma flor bem cheirosa
Quero, uma mulata dengosa
Quero, de Minas um bom queijo
Quero, um uísque e o teu beijo
Quero, uma rede colorida
Mesa farta, muita comida.
Quero, um tocador de violão
Quero, escrever uma linda canção
Quero, uma negra sestrosa.
Quero, minha filha teimosa.
Quero, uma rima rica e airosa
Quero, um baralho novo
Um jogo regado e gostoso
Quero, um disco do Gil
Quero, de Vinícius versos mil
Quero, de Bandeira a poesia
Muita música com alegria.
Quero, um filme de Glauber Rocha
Um livro de Jorge Amado
Quero, ser amante, muito amado.
Quero, meu filho moleque, bem criado.
Quero, a praia e o mar
Quero, duas mulheres para casar
Quero enfim
Um mundo só p'ra mim.


Luiz Antonio Fascio

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Poesia: O Seu Olhar


(Inspirado em Dulcineia Novais)

Como a pureza das flores
O suave do vento
Como a beleza das cores
A paz no céu, o firmamento.
Nuvem de véu, diáfano.
Bailar no ar, do seu olhar.
Olhos de mel de forte miragem
Realce, projeto o brilho.
Do seu olhar, vejo a imagem.
Cravada na trilha
Do seu caminhar.
No alvorecer dos passarinhos
Num lindo gorjear
Saindo dos ninhos
Realce projete o brilho.
Do seu olhar castanho.
Contemplam esplendor de antanho
Cravo, canela, acaçá.
Floreio, verbena, bonina.
Reflete amarelo, azul retina.
Olhos que fitam amores.
Nas flores, nas cores.
No brilho do seu olhar.


Luiz Antonio Fascio
Rio de Janeiro, 1962