domingo, 26 de agosto de 2012

Poesia: Clara Marinha


No marulho do mar
No marulho do mar
Ondas vão.
Em vão...
Verde e brancas espumas
Quebrar
Como plumas
Quebrar
No meu mar.
No meu mar de água clara
Clara, mulher
Na praia vou encontrar
Todo dia.
De manhã ao meio dia.
Clara morena beijar
Clara, dos olhos da cor do mar.
Do mar da Bahia.
Dos olhos claros em claro dia.
Clara sozinha.
Tão pura e tão minha.
A tardinha ao sol se pôr.
Clara chorou.
E se transformou
Em alga-marinha
Que o mar levou
Em ondas vivas, volativas.
Sempre vivas.
Salve rainha!
Salve rainha Iemanjá.
Clara, é minha Iemanjá.
Clara pura, veio de lá
Do mar, do fundo do mar.



Luis Antonio Fascio

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Poesia: Só Eu Sei-os

(Inspirado na minha espanhola Vera)

Ah, se poeta eu fosse
Pra cantar tua formosura
Um dia, cantaria teus cabelos
Cacheados e sedosos
Teus olhos, pidões e penetrantes
Olhos de mel, doces olhos.
Se poeta eu fosse!
Cantaria algum dia quem sabe...
O teu nariz de grega
A tua boca!
Gostosa boca de lábios sedutores
O teu riso largo, de sorriso alegre,
Claro e bonito.
O teu pescoço de princesa austríaca
A tua pele cheirosa e lisa.
Peladamente lisa, peladamente nua.
Cantaria, se poeta eu fosse...
As tuas pernas!
Longas pernas, torneadas pernas
Que pernas!
Ai, todos querem olhar.
Cantaria, se poeta eu fosse
Os teus seios.
Só eu sei-os lindos
Só eu sei-os hirtos,
Macios e sexys
Ah! Só eu sei-os.

Luiz Antonio Fascio
Rio de Janeiro, 1970
                                                                                                                            

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Poesia: Minha Amada da Cidade

(Em homenagem a minha esposa Gildete de Oliveira)

Minha amada da cidade
É pura, límpida
Não tem idade
Suave, cândida
Sem vaidade.
Minha amada da cidade.
Cheirosa, um jasmim
Dengosa, meu quindim
Cravo, de gosto
Canela, na cor
Lindo é o rosto
Desejo de amor.
Minha amada da cidade
Riso contente
Pele macia
Cativa toda gente
Beleza irradia.
Minha amada da cidade
É doce delírio
Êxtase, sedução
Amada e amante
É uma linda canção.
Hum! Minha amada
Oh! Adorada emoção
Ai! Minha amada da cidade.



Luiz Antonio Fascio
Jequié, 19/04/1989

domingo, 19 de agosto de 2012

Poesia: Mulheres no Carnaval


O trio elétrico invade a fantasia
Frenéticas guitarras, sem amarras
Entre a zoeira e a poesia
Atacam delírios de fanfarras
No carnaval da Bahia

Nas danças sensuais e formosas
Nas ruas e vias tortuosas
Timbalam negras, brancas e morenas
Livres rainhas falenas
Invadindo a praça do povo
Mensageiras de um mundo novo
Misturam cores, flores e amores
Na miscigenação dos sons
No burburinho cigano dos tons

De um jeito gostoso baiano
Entre o sagrado e o profano
Nas ancas brancas de Juliana
Nas coxas douradas de Fabiana
Fêmeas, guerreiras encantadoras
Marias e Maras Maravilhosas
Bem vindas, Suzanas sedutoras
De idas e vindas, charmosas
Mulheres mágicas e sinuosas.





Luis Antonio Fascio
Jequié, 26/06/2000

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Poesia: Grito de Alerta




O inimigo na mata se infesta
A espreita matando a floresta
Queimadas, em nossas esperanças
Chamuscadas, plantas serão lembranças.
Cortando vidas...
Assassinando árvores nossas
Acabando com as roças.
Serra, serra, roxo-ipê
Faz louro, baraúna gemer
Mogno, pinheiro, ingá
Peroba do campo, Jacarandá
A mangueira, a figueira
A cascata, a cachoeira
Sem eira nem beira.
Que esse grito de alerta
Chegue na hora certa
Aos campos férteis de trigais
Aos lírios, vales e matagais.
Correm perigo de vida!
Cafezais, manguezais e canaviais.
Escutem a música cristalina
Dos rios, riachos, ribeirões
Dádiva divina!
Ou chorem lágrimas nos sertões.
É chegado em tempo o meu brado
O meu canto ecoado
Contra os assassinos, bandidos e vendilhões.
Jamais irão transformar
Um paraíso em deserto
Escutem o que é certo!
Parem!
O desequilíbrio é eminente
Não tornem o planeta doente
Seja, mais um sensato
Preserve, a água de beber
Respeite, o bicho do mato
Deixe, a floresta crescer!




Luiz Antônio Fascio
Jequié, 28/06/2002

domingo, 12 de agosto de 2012

Poesia: A Chuva


Enquanto espero você
A chuva cai sem cessar
Pela vidraça molhada
Vejo a vida e o mundo passar.

Ambos vagarosos e encolhidos
Fugindo da chuva fria.

Os homens, as mulheres, as flores
Tudo e todos
Se abrigam e se preparam
Para receber o inverno
E o amor.

Eu me preparei
Esperei, esperei...
E você não chegou


Luiz Antonio Fascio

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Poesia: Saga Diamante


Minha vida é você
Meu destino maior
Minha saga, diamante
Meu sangue e suor.
Minha lavra, amante
Deus e Diabo
Na terra do Sol.
Na garupa do corcel
Látego, flamante
Volúpia, desejo flamejante
Terra, céu, semblante
Miragem, prazer gigante.
Visagem, fogo, fervura
Doença, febre, cura.
Mata virgem, jatobá
Selva, folhagem, Jacarandá
Rio, riacho, ribeirão
Água-vida, chuva, imensidão!
Lama, sagarana sangrenta
Cavalo de ferro, torrão.
Passa boi, passa boiada
Vento, ventania passarada.
Passarinha, sertania, serração.
Traição, morte desgraçada.
Violência, luta escrachada
Viagem ferradura, trovão.
Semente, semeia coração.
Amor ambição, sofrimento.
Fogo, delírio, sedução
Infinito firmamento!
Minha vida é você
Meu destino maior
Minha saga, diamante
Meu sangue e suor.
Minha lavra, amante
 Deus e Diabo
Na terra do Sol.


Luiz Antonio Fascio
Jequié - março/1993

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Poesia: Miragem


(Inspirado em Sulenize)

Velas soltas livres enfunadas
Vento norte docemente, madrugadas.
Afago com beijos noturnos
De mãos dadas.
Carinhos soturnos
Acesa a chama, sempre viva
Não apagas.
Vento norte me debruça
Em ventre seguro.
Corpo e alma, um só ser
Em porto escuro.
Macia pele desliza suavemente.
Lábios carnais, eriçados seios
Sensuais.
Rosa vermelha queima ardentemente.
Olhar miragem, inebriante sedução.
Em lindos sonhos, cascatas de emoção.
O amor surgiu em devaneios liberais.
Batendo forte no meu peito, nos umbrais.
Mar de sabedoria, segredos capitais.
Catedral de espelhos, palácios e vitrais.
Sabor de mel mulher.
Tem dó dos meus gritos.
Compreende os meus ais.


Luiz Antonio Fascio
30/09/1997

domingo, 5 de agosto de 2012

Poesia: O Jogo do Dia a Dia


O jogo do dia a dia
Pra uns com alegria
Pra outros com agonia
É a nossa devoção.
O jogo da vida encarnada!
Do tempo com namorada
Do médico de hora marcada
Da compra na hora xepeira
Do peixe na feira enfieira.
Do pino do Sol na cara.
Do preço da carne mais cara.
Encarecidamente, lentamente.
A ladainha das donas de casa.
Da galinha com pele e asa.
Do filho acamado doente
Do medo que a gente sente.
Da bomba que vai explodir
Do dólar que vai subir
Se torna em luta renhida
Da vida como inimiga.
Uns de barriga cheia
Outros sem pé de meia.
Do povo, sempre entrando
Do político cantarolando
Perplexo! Diante a corrupção
Complexo! De culpa, decepção.
É o jogo do dia a dia, irmão!
É a nossa devoção.


Luiz Antônio Fascio
Rio de Janeiro, 28/05/1973